18 junho, 2013

Marcha, Orgulho e Sol.


Malta arco-íris!

É verdade, cá estamos novamente em Junho - mês do nosso bonito orgulho queer lisboeta. Este ano o Bichas faz parte da organização da marcha e (como se ainda precisássemos de mais razões), temos o dobro do orgulho em promover e participar no nosso evento preferido do evento.

Pontos rápidos: Mas ainda há dúvidas sobre o porquê de ir à marcha e o porquê de uma marcha do orgulho?

Para o caso de sim aqui listamos as nossas bonitas razões:

1 - Porque, sim, vivemos num mundo que - independentemente dos avanços políticos que se façam - continua a ser terrivelmente homofóbico e transfóbico (& bifóbico & lésbofóbico - ena tantas palavras!) onde a mentalidade popular ainda é a de que as pessoas queer são "seres estranhos" com vidas sexuais ainda mais estranhas e que deus-os-livre de quererem ter filhos!

E ouvir os opositores da lei da co-adopção por casais do mesmo sexo foi  uma prova disso mesmo: triste,  perturbador e só dá vontade de partir para a violência. 

O último "artigo" então da besta Martinho Pinto - pai fundador da ignorância e fundamentalismo hetero português - é practicamente um exercício de surrealismo e terror. Se tínhamos alguma dúvida de que a homofobia estava viva e de boa saúde (que não tínhamos, porque vivemos no mundo real), este último mês e as posições de ignorância que foram tomadas por figuras públicas só desmistificaram isso mesmo; continua-se a negar a ciência para se dar lugar a medos e preconceitos que só oprimem e propagam mentiras.

Marcha, porque somos de facto boas mães e pais, caríssimos ignorantes. Existimos com orgulho de não baixarmos a cabeça quando nos dizem que 'só queremos criançinhas para cumprir joguinhos de satisfação pessoais manhosos' quando somos famílias, tão capazes como quaisquer outras, cheias de amor e carinho para dar.

2 - E porque mesmo que não sejamos mães e pais (embora sejamos filhas e filhos), somos indivíduos que precisam e merecem celebrar a sua individualidade num mundo que só nos mostra modelos cisgéneros heteronormativos de amores e de histórias de pessoas que não nos representam. Um mundo onde a violência contra pessoas LGBTQ ainda é a regra e onde a conquista de direitos humanos tanto acelera como desacelera (Rússia!, Hungria!). Um mundo onde activistas ainda são espancados e mortos em plena Europa ocidental só pelo simples facto de existirem (França!).

Porque a violência homo/transfóbica é real e nunca é demais relembrar isso.

3 - Este ano o tema da marcha é "Arco-Íris contra a Crise". Porquê? Porque, como tão bem sabemos, em alturas de acrescidas dificuldades os que em primeiro lugar ficam à mercê da insegurança são os grupos vulneráveis como o nosso. Porque todos nós conhecemos casos de pessoas que continuam no armário porque se soubesse que eram queer perdiam o emprego / o apoio das suas famílias e isso é algo que não conseguem suportar; por razões emocionais mas também por razões económicas/sociais de vivência practica, bem-estar logístico e independência.


4 - Porque este orgulho que temos não é como o dos "outros". A lógica mantém-se e precisa-se ainda de orgulho em oposição à vergonha e ao silêncio. E não, continua a não ser o mesmo que "orgulho hetero" ou "orgulho branco" de pessoas privilegiadas que nunca sentiram vulnerabilidade proveniente de terem uma identidade de género/sexualidade incompatível com o status quo.


(Video no youtube que mostra de uma forma relativamente "imparcial" o quão palerma e perigoso são esses "argumentos" que nunca deixarão de ser uma simples questão de ignorância.)


5 -  Porque é importante (essencial!) celebrar a diversidade de tod@s, e relembrar que formas alternativas de viver, de existir e de nos expressarmos só podem ser coisas boas. Desconstruir o binarismo de género e a construção fechada, limitativa e tradicional "do homem" e "da mulher" é urgente. Formas não inclusivas de falar e ver o género apenas nos prendem em caixas que nos limitam a forma de ver e de interagir com o mundo; coisa que que em última instância justifica o silêncio, a opressão e violência para com todos aqueles que têm uma forma de se expressar menos "tradicional".

Porque a visibilidade trans* também é um caminho para a igualdade de género e para a desconstrução da
homofobia. E porque este grupo ainda é o grupo mais vulnerável e o mais sujeito a constante violência.

6 -  E, finalmente, porque a marcha é também uma festa! Uma festa cheia de cores, força e entusiasmo. Uma prova viva de felicidade e comunidade. Uma festa de pessoas que vivem por resistir e resistem por viver. 

Porque uma vida feliz e plena é uma vida corajosa e aberta. E porque "se não posso dançar, esta não é a minha revolução".


If I can't dance, it's not my revolution!
If I can't dance, I don't want your revolution!
If I can't dance, I don't want to be part of your revolution.
A revolution without dancing is not a revolution worth having.
If there won't be dancing at the revolution, I'm not coming.
Emma Goldman
Somos as cores todas do arco-íris e andamos ao sol de mãos dadas e braços abertos. E neste sábado queremos andar de mãos dadas e braços abertos contigo. (:

Sábado, Às 17h no Príncipe Real, com cores e energia. Evento, manifestos dos vários colectivos, fotos do ano passado

O Bichas este ano vai levar as capas de super-heróis como no ano passado e, para isso, precisamos de voluntários para as usarem e para se juntarem a nós na marcha. Falem connosco se não tiverem companhia (e se tiverem também!) que nós somos pessoas simpáticas. Prometemos. (:

Para mais sobre argumentação neste tópico, leiam o post que escrevemos o ano passado sobre a marcha (que na altura se tornou assim meio viral na comunidade queer virtual). Se não leram, cliquem. É bonito. (:

Até sábado, e muito orgulho ♥ ! (:


2 comentários:

  1. Lá estarei, mas só uso capa se a achar bonita e estilosa u.u

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    1. coisa mais linda que as nossas capas nao ha. (espreita o post do ano passado) (: manda-nos uma mensagem no facebook para combinarmos contigo pontos de encontro e assim. *

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