E é com prazer que anúnciamos a Bicha Cobarde da semana:
"Apesar de achar que cada um sabe de si, detesto bichices, e cenas inapropriadas em locais onde a crítica impera. Cada coisa no seu sítio.Relacionamento não é algo que ande à procura.Gosto de me sentir livre, para estar, falar, e ver quem quero."
diz-nos "a.friend" no gaydar, com 38 anos de Torres Vedras.
Este nosso amigo (piada fácil) deu-nos este bonito pensamento como descrição de si próprio - e brindou-nos com, muito provavelmente, a nossa frase do ano.
Questões:
Eu primeiro gostava de ver uma definição do conceito de bichices, mas vá, assumamos que são 'atitudes histéricas, femininas e dramáticas por parte homens gay'.
"a.friend", que na sua perfeita fluência escrita nos explica esse lema maior-do-que-a-vida da comunidade gay masculina (também conhecido como a regra do "masculino e discreto"), não gosta nada dessas coisas chamadas bichices - inapropriadas! - nos locais "onde a crítica impera". Seja lá isso onde for.
Onde é que a crítica impera? - é a nossa segunda pergunta.
Na crítica jornalistica? Junto de menores? Num hospital ou numa ópera porque não se pode fazer barulho?
E a crítica impera na rua?, do género, de se eu vir um homem a coçar os tomates vou lá dizer-lhe para parar?
Terceira questão: como é que se pode ser tão puritano no que toca às atitudes dos outros (mesmo que estejamos só a tentar convencer-nos a nós próprios de como nos gostávamos de comportar) e depois aquilo que queremos para nós próprios é antes "ser livres para estar, falar e ver quem se quer"?
Então e se eu for uma bichinha? Para onde é que eu vou?, com quem é que eu falo?, e quem é que eu vejo quando quiser?
É engraçado que olhando para as fotos do rapaz eu não diria, na minha humilde crítica super parcial, que ele seja na sua vida privada a pessoa mais tradicionalmente masculina que eu já vi na vida. - Sim, isto soa ao pior dos insulto deste mundo e do outro na nossa bonita comunidade, mas não é (porque de facto é só uma observação sem qualquer julgamento) -; eu iria até que se tivesse de colocar o nosso amigo num dos pratos da balança, o poria no lado do "menos tradicionalmente masculino que a maioria dos homens"
Mas.
Não nos enganemos. O discurso é claro. "a.friend" não é uma bichinha maluca e inapropriada. "a.friend" não gosta nada disso. "a.friend" é muito masculino.
Até porque as bichinhas malucas são más, e promíscuas, e fazem sexo por aí fora, e dão mau nome à comunidade... Mas, espera lá, para "a.friend" "relacionamentos não são coisa que ele ande à procura". Que estranho.
Estará esta pessoa confusa? Ter-se-á por ventura enganado quando escreveu aquela descrição de si próprio e não se apercebeu que - ora bolas - a bichinha também era ele?
Enfim.
O "a.friend" é só um. Apenas talvez mais eloquente do que a maioria, mas isto é o que se passa na generalidade; é só espreitar as redes (manhunt, gayromeo, gaydar etc).
Quanto mais anti-bichices e superficialmente masculino for um homem, mais suposto apelo ele tem. E é por isso é que se é tão insistente neste assunto. É que nunca se sabe, o importante é precavermo-nos, não aconteça um dia o horror de deixarmos de ter comichão nos tomates.
E pronto, hoje ficamos por aqui.
Pensamento final:
A bichinha somos todos nós. (E, definitivamente, o "a.friend" é uma das confusas)
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